Ao largo de Cabo Verde, no ar cálido que varre as águas tropicais do Atlântico e é salpicado pelas ondas, decorrem, todos os dias do ano, reacções químicas que destroem um gás que todos conhecemos: o ozono. O fenómeno foi agora descoberto por cientistas britânicos e cabo-verdianos e, a confirmar-se o seu carácter global (os oceanos cobrem 70 por cento da superfície do planeta), poderá obrigar os especialistas a reverem os modelos utilizados para prever a evolução do clima no nosso planeta.
A equipa de Lucy Carpenter, da Universidade de York, Reino Unido, escreve hoje na revista Nature que, naquela região, nas camadas de ar mais baixas, é destruída uma quantidade de ozono perto de 50 por cento maior do que previsto pelos mais sofisticados modelos climáticos actuais. A partir de um observatório instalado na aldeia piscatória de Calhau, 15 quilómetros a leste do Mindelo, na ilha de São Vicente, e de observações feitas com uma avioneta, os cientistas conseguiram, pela primeira vez, medir o fenómeno, sem interrupção, ao longo de um ano, de Outubro de 2006 a Outubro de 2007.
A química da atmosfera em geral, e a do ozono em especial, são pratos de digestão difícil para leigos. Mas num comentário na mesma edição da revista, Roland von Glasow, da Universidade de East Anglia, resume bem a importância do ozono: "O ozono", escreve, "é um gás atmosférico fascinante, com papéis diferentes conforme a sua localização. Na troposfera [a camada inferior] é um gás de estufa e pode ser nocivo para os animais e as plantas. Mas o ozono da estratosfera (...) absorve os raios nocivos do Sol." O ozono também é importante, salienta, porque a sua destruição dá origem aos chamados radicais hidroxilos, moléculas altamente reactivas que "limpam" o ar, removendo um outro potentíssimo gás de estufa: o metano.
"Neste momento", diz Alastair Lewis, co-autor do estudo, em comunicado, "é uma boa notícia - há mais ozono e mais metano a serem destruídos do que se pensava -, mas o Atlântico tropical não pode ser considerado como um 'sorvedouro' permanente de ozono. (...) Bastaria um pequeno aumento dos óxidos de azoto vindos dos combustíveis fósseis e trazidos de Europa, África Ocidental ou América do Norte pelos ventos, para que o oceano passasse de sorvedouro a fonte de ozono".
Mas o que é que leva a esta destruição - natural - do ozono no meio do Atlântico? Os cientistas encontraram, no ar em contacto com a água, altas concentrações de monóxido de iodo e de bromo e concluem que são esses compostos que promovem a destruição do ozono. O primeiro provém dos aerossóis de água salgada que se misturam com o ar e o segundo das algas marinhas - e nos dois casos, as reacções decorrem sob a acção do Sol.
Contactado pelo PÚBLICO, John Plane, um outro co-autor, da Universidade de Leeds, disse-nos que o resultado é importante porque "os modelos da química do clima que tentam prever o futuro nunca serão fiáveis se não incluírem os processos naturais importantes". E também porque mostra que "as propostas para remover o CO2 da atmosfera alterando a produtividade do oceano, isto é, fertilizando-o com ferro, serão altamente perigosas enquanto não percebermos adequadamente o sistema natural".
A equipa de Lucy Carpenter, da Universidade de York, Reino Unido, escreve hoje na revista Nature que, naquela região, nas camadas de ar mais baixas, é destruída uma quantidade de ozono perto de 50 por cento maior do que previsto pelos mais sofisticados modelos climáticos actuais. A partir de um observatório instalado na aldeia piscatória de Calhau, 15 quilómetros a leste do Mindelo, na ilha de São Vicente, e de observações feitas com uma avioneta, os cientistas conseguiram, pela primeira vez, medir o fenómeno, sem interrupção, ao longo de um ano, de Outubro de 2006 a Outubro de 2007.
A química da atmosfera em geral, e a do ozono em especial, são pratos de digestão difícil para leigos. Mas num comentário na mesma edição da revista, Roland von Glasow, da Universidade de East Anglia, resume bem a importância do ozono: "O ozono", escreve, "é um gás atmosférico fascinante, com papéis diferentes conforme a sua localização. Na troposfera [a camada inferior] é um gás de estufa e pode ser nocivo para os animais e as plantas. Mas o ozono da estratosfera (...) absorve os raios nocivos do Sol." O ozono também é importante, salienta, porque a sua destruição dá origem aos chamados radicais hidroxilos, moléculas altamente reactivas que "limpam" o ar, removendo um outro potentíssimo gás de estufa: o metano.
"Neste momento", diz Alastair Lewis, co-autor do estudo, em comunicado, "é uma boa notícia - há mais ozono e mais metano a serem destruídos do que se pensava -, mas o Atlântico tropical não pode ser considerado como um 'sorvedouro' permanente de ozono. (...) Bastaria um pequeno aumento dos óxidos de azoto vindos dos combustíveis fósseis e trazidos de Europa, África Ocidental ou América do Norte pelos ventos, para que o oceano passasse de sorvedouro a fonte de ozono".
Mas o que é que leva a esta destruição - natural - do ozono no meio do Atlântico? Os cientistas encontraram, no ar em contacto com a água, altas concentrações de monóxido de iodo e de bromo e concluem que são esses compostos que promovem a destruição do ozono. O primeiro provém dos aerossóis de água salgada que se misturam com o ar e o segundo das algas marinhas - e nos dois casos, as reacções decorrem sob a acção do Sol.
Contactado pelo PÚBLICO, John Plane, um outro co-autor, da Universidade de Leeds, disse-nos que o resultado é importante porque "os modelos da química do clima que tentam prever o futuro nunca serão fiáveis se não incluírem os processos naturais importantes". E também porque mostra que "as propostas para remover o CO2 da atmosfera alterando a produtividade do oceano, isto é, fertilizando-o com ferro, serão altamente perigosas enquanto não percebermos adequadamente o sistema natural".
Source: http://ultimahora.publico.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário