quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mulheres são a solução para combater as alterações climáticas

18-11-2009



É certo que devem ser debatidos os aspectos técnicos no combate às alterações climáticas, como a redução das emissões de carbono e a utilização de energias mais limpas. No entanto, existem meios humanos que podem fazer a diferença a longo prazo e esse caminho passa pelas mulheres e o controlo do crescimento da população mundial.

Esta mesma ideia serviu de mote para o relatório de 2009 promovido pelo Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), apresentado em todo o mundo esta quarta-feira e que teve uma cerimónia oficial em Lisboa, com a presença da directora do Fundo em Genebra, Alanna Armitage. O documento é denominado «Enfrentando um mundo em transição: mulheres, população e clima».

«Reduzir o aumento da população ajudaria a aumentar a resiliência da sociedade às alterações climáticas e a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa no futuro», afirma a organização no estudo, embora Armitage se concentre em aspectos fundamentais, como o papel da mulher:

«É importante incorporar as mulheres e o seu papel na discussão sobre as alterações climáticas. É que, dar-lhe mais direitos, como o controlo da reprodução, o número de filhos e o seu espaçamento, serão muito importantes para a resolução deste problema. Quando as mulheres têm acesso ao planeamento familiar a fecundidade diminui».

O documento sustenta que se a população crescer até oito mil milhões de pessoas até 2050 (e não nove mil milhões, como projecta as Nações Unidas), seriam evitadas emissões de gases com efeito de estufa equivalentes a dois mil milhões de toneladas de dióxido de carbono. Por isso, o controlo da natalidade se torna tão importante.

Para Alanna Armitage, será uma vitória se este aspecto for discutido na próxima Cimeira de Copenhaga, onde serão discutidas soluções para o aquecimento global. «As mulheres, em particular nos países mais pobres, serão afectadas de forma diferente do que os homens, porque são sujeitas a uma carga de responsabilidade muito grande. Fazem tudo e não existe qualquer controlo», frisou a responsável da FNUAP.

O relatório mostra também que as mulheres têm o poder de se mobilizar contra a mudança do clima, mas esse potencial sé pode ser realizado mediante políticas que lhes dêem poder para tal. Aliás, nas próprias discussões tendo em vista a Cimeira de Copenhaga, constata-se que «a participação das mulheres é baixa», o que também deve mudar.

Cinco vectores essenciais

Para mudar este estado de coisas, o Fundo aconselha o cumprimento de cinco pontos fundamentais:

- Desenvolver um melhor entendimento da dinâmica da população, género e saúde reprodutiva para a mudança climática e discussões ambientais a todos os níveis;

- Apoiar abertamente os serviços de planeamento familiar e fornecer meios contraceptivos dentro dos direitos e enquadramento da saúde reprodutivas, assegurando que a falta de dinheiro não pode dificultar o acesso;

- Priorizar a investigação e recolha de dados para melhor o entendimento da dinâmica da população e de género na mitigação e adaptação às mudanças climáticas;

- Melhorar a desagregação sexual dos dados relacionados com os fluxos migratórios que são influenciados pelos factores ambientais e preparar o aumento dos movimentos de população resultantes da mudança climática;

- Integrar as considerações de género nos esforços globais para mitigar e adaptar as mudanças climáticas.



Source: http://diario.iol.pt

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