Esta mesma ideia serviu de mote para o relatório de 2009 promovido pelo Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), apresentado em todo o mundo esta quarta-feira e que teve uma cerimónia oficial em Lisboa, com a presença da directora do Fundo em Genebra, Alanna Armitage. O documento é denominado «Enfrentando um mundo em transição: mulheres, população e clima».
«Reduzir o aumento da população ajudaria a aumentar a resiliência da sociedade às alterações climáticas e a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa no futuro», afirma a organização no estudo, embora Armitage se concentre em aspectos fundamentais, como o papel da mulher:
«É importante incorporar as mulheres e o seu papel na discussão sobre as alterações climáticas. É que, dar-lhe mais direitos, como o controlo da reprodução, o número de filhos e o seu espaçamento, serão muito importantes para a resolução deste problema. Quando as mulheres têm acesso ao planeamento familiar a fecundidade diminui».
O documento sustenta que se a população crescer até oito mil milhões de pessoas até 2050 (e não nove mil milhões, como projecta as Nações Unidas), seriam evitadas emissões de gases com efeito de estufa equivalentes a dois mil milhões de toneladas de dióxido de carbono. Por isso, o controlo da natalidade se torna tão importante.
Para Alanna Armitage, será uma vitória se este aspecto for discutido na próxima Cimeira de Copenhaga, onde serão discutidas soluções para o aquecimento global. «As mulheres, em particular nos países mais pobres, serão afectadas de forma diferente do que os homens, porque são sujeitas a uma carga de responsabilidade muito grande. Fazem tudo e não existe qualquer controlo», frisou a responsável da FNUAP.
O relatório mostra também que as mulheres têm o poder de se mobilizar contra a mudança do clima, mas esse potencial sé pode ser realizado mediante políticas que lhes dêem poder para tal. Aliás, nas próprias discussões tendo em vista a Cimeira de Copenhaga, constata-se que «a participação das mulheres é baixa», o que também deve mudar.
Cinco vectores essenciais
Para mudar este estado de coisas, o Fundo aconselha o cumprimento de cinco pontos fundamentais:
- Desenvolver um melhor entendimento da dinâmica da população, género e saúde reprodutiva para a mudança climática e discussões ambientais a todos os níveis;
- Apoiar abertamente os serviços de planeamento familiar e fornecer meios contraceptivos dentro dos direitos e enquadramento da saúde reprodutivas, assegurando que a falta de dinheiro não pode dificultar o acesso;
- Priorizar a investigação e recolha de dados para melhor o entendimento da dinâmica da população e de género na mitigação e adaptação às mudanças climáticas;
- Melhorar a desagregação sexual dos dados relacionados com os fluxos migratórios que são influenciados pelos factores ambientais e preparar o aumento dos movimentos de população resultantes da mudança climática;
Source: http://diario.iol.pt
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