30.09.2010
Se Mário Soares meteu o socialismo na gaveta, agora é a vez de José Sócrates fazer o mesmo a Portugal.
Como Portugal não tem problemas graves para resolver no imediato (os 700 mil desempregados, os 20% de miseráveis e os 20% de pobres são uma questão de longo prazo), os políticos resolveram agora brincar com o Orçamento de Estado, mesmo que sem a existência de testemunhas.
Por Orlando Castro
Por Orlando Castro
O primeiro-minitro português, José Sócrates, prefere ser morto pelo elogio do que salvo pele crítica. Não há nada que os socialistas possam fazer. Sócrates rodeou-se de muita gente menor e, como seria de esperar, está a ver que para ter à sua volta quem está sempre de acordo bastaria a sua própria sombra ou, como acontee, Pedro da Silva Pereira.
(Pedro Passos Coelho: “Foi com muita estupefação que ouvi a reacção do primeiro-ministro e nunca pensei ter de dizer o que vou dizer: que não haverá nenhuma outra ocasião no futuro em que o líder do PSD volte a conversar em privado com o primeiro-ministro sem que existam outras pessoas que possam testemunhar a conversa”)
Não faltaram avisos mas, mais uma vez, alguns dos seus fiéis supostos amigos vão ser os primeiros a tirar-lhe o tapete. É só uma questão de tempo. Sempre assim foi, sempre aasim será. Seja no PS ou no PSD.
A questão escaldante da falta de liberdade de imprensa foi a cabal demonstração de que Sócrates tinha, e tem, à sua volta muita gente que está sempre na primeira linha para lhe estender a mão quando tropeça numa pedra. No entanto, o que ele precisava era de quem tirasse as pedras antes de ele passar.
Está absolutamente demonstrado que só os poderes enfraquecidos perseguem a imprensa e, por outro lado, está igualmente demonstrado que nem por isso se tornam mais robustos e que, ao contrário, acabam quase sempre por se declarar vencidos. Só os poderes enfraquecidos temem a imprensa, desde logo porque a imprensa não é para temer.
(José Sócrates: “Tomo as declarações do líder do PSD pelo que são: um agravo pessoal absolutamente inadmissível e injustificável”)
Não. A frase não é da nossa autoria nem de um qualquer assessor de imprensa, administrador da PT ou presidente das Águas de Portugal. O autor é João Pinheiro Chagas, um português que nasceu em 1863 e morreu em 1925.
Com este cenário, José Sócrates começa a ver alguns dos seus mais próximos colaboradores falarem da sua sucessão. Outros falam sem que se ouça. Muitos pensam mas não falam.
Tivesse Sócrates lido e pensado no que disse, em Janeiro de 2008, à Visão, o ex-secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, e se calhar não estaria agora a ser apunhalado pelas costas por um alguns dos seus supostos amigos.
Ferro Rodrigues disse há dois anos que o Governo português deveria ter “menos arrogância e mais humildade”.
Aliás, como bem sabe Ferro Rodrigues - até por experiência própria, basta um pequeno sinal de água para que a maioria dos ratos socialistas abandone imediatamente o navio.
Sobretudo, mas não só, com José Sócrates o primado da competência foi engavetado (tal como em tempos o Socialisamo), os empregos foram dados a supostos amigos, foi esquecido o princípio de que é preferível ter um adversário inteligente a um amigo estúpido, atolaram a máquina do Estado (onde se incluem muitas empresas) com amigos que para contarem até 12 continuam (mesmo com recurso ao Magalhães) a ter de se descalçar.
Curioso é, ainda, ver como alguns socialistas (e alguns sociais-democratas) continuam a julgar que são uma solução para o problema quando, de facto, são um problema para a solução.
Por alguma razão Ana Gomes, João Cravinho ou Vera Jardim até falaram das escutas do processo Face Oculpa, e o próprio António Costa já fala de que o PS tem "boas soluções" no que toca à sucessão a José Sócrates.
Ana Gomes chega ao ponto de escrever que é "o Estado de direito democrático que pode estar em causa", recusando-se a "varrer para debaixo do tapete as questões que tais escutas suscitam".
"Se por qualquer hipótese [José Sócrates] deixar de o ser, o PS tem no Governo e na Assembleia da República boas soluções que asseguram a continuidade institucional do seu mandato," afirmou ao jornal i o actual presidente da Câmara de Lisboa.
Por sua vez, João Cravinho diz que o Governo tem de "provar e convencer os portugueses de que as suspeitas que estão a transformar o País num pântano não têm razão de ser" e o deputado Vera Jardim considera que "é urgente que se faça luz sobre isto” porque “este clima não é sustentável."
Vamos estar atentos. É que, honrando a tradição deste PS e do sumo pontífice que o dirige, José Sócrates, o que hoje é verdade amanhã é mentira. Um dia destes, atendendo a qualquer razão etérea, vamos ver Pedro Silva Pereira a dar o dito por não dito, sempre – é claro – a bem da nação... socialista.
Ou seja, nesta fase da “burkinização” de Portugal, o governo e o partido que o sustenta, e se sustenta, prefere esperar para ter a certeza de que todos aqueles (e não são tão poucos quanto isso) que estão a tentar viver sem comer vão, ou não, morrer.
Embora se saiba que vão mesmo morrer, o PS admite que só depois disso será oportuno analisar a razão que levou ao óbito...
Source: http://www.noticiaslusofonas.com
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